Há aproximadamente um mês, durante as reuniões dominicais da Ala Jardim da Penha, passei por uma situação que me fez ponderar durante toda a semana. No intervalo entre a Escola Dominical e a Reunião do Sacerdócio eu passei, próximo à presidência da Estaca, por um senhor com roupas muito modestas, sem muitos cuidados estéticos e também com um odor que possivelmente era resultado de quem estava andando durante toda aquela manhã de sol.
Parei para falar com ele e ao perguntar-lhe se estava esperando por alguém me respondeu que precisava de alimentação e que seria um ex-presidiário. Inclusive, portava um alvará de soltura emitido pela justiça local. Relatou-me que esteve preso durante os últimos 10 anos, e foi solto em janeiro deste ano, como comprovava o documento. Depois de ajudá-lo com o que era possível comecei a questioná-lo sobre o motivo que o havia levado a um destino tão terrível. E ele apenas respondeu-me: "Irmão, uma única escolha errada em minha vida".
Segundo ele, foi sempre um homem trabalhador e labutava na época de sua prisão com carteira assinada. Ele falou-me que durante um certo período começou a acompanhar amigos inconsequentes e aos poucos acabou se deixando influenciar por suas ideias. Acabou participando de um assalto a banco. Na saída a polícia havia cercado o carro em que estava, e ele saltou do veículo e saiu correndo de forma atabalhoada. Não demorou muito para ser detido. Seus comparsas pegaram 18 e 25 anos.
Ele me disse várias vezes que a cada minuto que passava nessas prisões - teve algumas transferências - não deixava de perguntar a si mesmo: "Por que eu não continuei o meu caminho? Por que fui fazer isso? Explicou-me que em seu julgamente o juiz de Direito ao ver o seu histórico perguntou-lhe algumas vezes: "Seu João, por que o senhor se meteu nisso"? E, segundo ele, não tinha palavras convincentes para explicar-lhe.
Irmãos(ãs), durante esse diálogo, que durou aproximadamente 40 minutos, eu não parava de pensar: "O que responderemos ao Grande Juiz caso quando à nossa frente estará para arguir-nos sobre nossas escolhas"? Que a culpa de estar naquela situação foi "uma única escolha errada em minha vida"?
Estou seguro de que o senhor João não cometeu um único erro em sua vida, mas que externou-me o tamanho da consequência daquele erro, que por causa dele perdeu sua liberdade, que sua vida foi massacrada, que durante algum tempo, também segundo o seu relato, ele pedia ao Pai que o levasse desta vida, devido ao sofrimento quase insuportável que passou na cadeia.
Nós, com certeza, não cometemos apenas um pecado ou erro em nossas vida, mas talvez uma das grandes lições que eu tenha aprendido com o episódio foi de que devo ter muito mais atenção e cuidado com o autoquestionamento : "Para onde as minhas escolhas estão me levando? Para a liberdade, ou para a prisão"?
Confesso que poderia ter ficado conversando com aquele homem o dia inteiro, porque, apesar das controvérsias que a minha afirmação pode vir a causar, eu acreditei - por causa de algo que senti naquele momento - em todas as palavras que ele me disse. Vi muita sinceridade naquele homem. Por este e outros motivos convido-os à reflexão.
Sinceramente,
Alexandre Queiroz
sexta-feira, 1 de maio de 2009
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Um comentário:
Pres. q homen grandioso é o senhor! parabens por sua simplicidade e espirito! creio q passamos varias vezes por pessoas assim e logo o julgamento nos vem a mente, esquecendo-nos de q sao filhos do Pai Celetial. Obrigada pela grande lição q me deu nao somente uma e sim varias...que possamos realmente nesse espirito gostoso q essa mensagem nos trouxe.
Obrigada!!
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